Conselhos de Administração – afinal, como fazer a diferença?

Estamos passando por um novo momento, de retomada das atividades após quase dois anos de uma pandemia sem precedentes na história recente. Mais do que nunca, excelentes estratégias, realizadas com uma execução de impacto, se farão necessárias para que as empresas sejam protagonistas desse momento. Dito isto, o fato é que os planos e sua consequente execução são feitos por pessoas. São elas que elaboram os melhores métodos, se esforçam para que eles saiam do papel e superem as expectativas. Ao reconhecer a importância deste fator humano e dos conselhos de administração, todas as empresas têm um desafio que não é trivial. Como formar equipes de alto rendimento?

Conselhos de Administração: Panorama

Essa é uma questão muito complexa, impossível de se esgotar em apenas um artigo. Ainda levando-se em consideração a realidade social e econômica atual. Este texto aborda então um recorte da resposta, que é: qual o perfil do conselho de administração mais adequado para uma equipe integrar e liderar a empresa pós-Covid 19? Essa solução reconhece a potencial contribuição do conselho e também suas características únicas. A responsabilidade que vem associada a sua posição na empresa demanda que seja aplicada energia na sua constituição, organização e atuação. Afinal é no conselho que as estratégias e investimentos serão criticados e aprovados, para depois serem executados pela equipe executiva da empresa.

Sem dúvida, experiência comprovada na liderança de negócios, era algo necessário e ainda é. Uma formação acadêmica que complemente sua história como executivo também permite coordenar a teoria com a prática para a resolução dos desafios. Um esforço por parte do presidente do conselho e por parte de cada conselheiro para que essa equipe de reconhecida capacidade possa entregar o melhor de si, não como indivíduo, mas sim como time também faz a diferença. Pessoalmente, também acredito que uma certa dose de afinidade do mentor com o serviço ou produto oferecido pela empresa ajuda a estabelecer as conexões necessárias para um trabalho potente e vigoroso do conselho.  

Atualmente

Até o momento, mencionei algumas características que poderiam fazer parte de conselhos de administração bem-sucedidos de anos atrás. Para o momento presente, cabe também procurar conselheiros alinhados com o “zeitgest”, o ar dos tempos atuais. Preocupação com a agenda ESG é um exemplo. Não há outra forma de prosperar que não seja aquela de ter um trabalho pautado em uma temática que privilegie uma governança sólida e um novo olhar, com cuidado e respeito ao planeta em que vivemos. A diversidade é outro ponto que deve ser trabalhado na constituição de um conselho. Os conselhos de administração devem buscar representar em sua constituição os stakeholders da empresa, sejam eles clientes, fornecedores ou outros públicos. Nesse sentido, a participação cada vez maior de conselheiras é uma tendência necessária e que veio para ficar.

O último ponto que deve ser considerado para a formação do conselho de administração pós-Covid 19 é a humildade. Toda essa experiência e outras características mencionadas anteriormente não serão suficientes em um cenário nunca antes visto como o atual. Nesse sentido, o conselho e os conselheiros têm que ter a humildade para olhar os números da empresa e seus planos e pensar qual a real chance de sucesso deles em um momento complexo como o vivido atualmente. Respostas que venceram no passado não necessariamente serão bem-sucedidas no futuro.

Mais do que nunca, as competências do conselhos de administração terão que ser associadas a uma forte disposição para ser humilde e buscar encontrar soluções novas para a situação enfrentada pela empresa. A humildade aplicada com energia e método, ao final, é o novo e grande diferencial que permitirá ao conselho e aos conselheiros apoiar de forma efetiva suas empresas nesse momento. Vamos com garra (e humildade) absurda!

Rodrigo Guimarães Motta
Conselheiro de Administração
Doutor em Administração

Conselhos de Administração – afinal, como fazer a diferença?