Atribuições de um bom conselheiro

Este artigo visa propor algumas das principais atribuições que um conselheiro de alto desempenho deve fazer no desempenho de suas funções. Não existe a menor pretensão de esgotar o tema com este breve texto, mas sim de apontar alguns caminhos que podem ser úteis para que a empresa possa ter um Conselho de Administração (CA) efetivo, composto por conselheiros que contribuam para o desenvolvimento do negócio (não são abordadas as questões legais, visto não ser esse o objetivo).

Destaco em primeiro lugar o domínio dos números, estratégias e estruturas da empresa. Essa é a base a partir da qual um conselheiro pode desempenhar sua atividade. Ele deve investir tempo de qualidade para conhecer com precisão o negócio, pois só assim poderá prestar uma contribuição adequada. Diretamente relacionado com este ponto, cabe ao conselheiro construir relações de confiança, íntegras e sinceras com os principais executivos e com os demais conselheiros. Com o tempo, o CA vai estar cada vez mais integrado e aumentará a probabilidade de trabalhar como um time, com um só objetivo, e não como um grupo de pessoas com competências distintas, sem afinidade entre si e que se reúnem uma vez por mês (ou menos).

Outro ponto em que um conselheiro deve atuar é na crítica as estratégias e resultados da organização. Algumas vezes, existe um certo receio por parte dos integrantes do CA de entrar em conflito com os demais, ou mesmo com a diretoria da empresa. Evidente que as relações devem ser conduzidas com respeito e profissionalismo, e o próprio CA pode realizar dinâmicas para estreitar os laços entre os conselheiros (esse ponto foi mencionado no parágrafo anterior, mas vale destacar). Dito isto, é uma função que demanda coragem também, para questionar os executivos e os demais integrantes do CA e desafiar os resultados obtidos, buscando sempre que a empresa obtenha desempenho superlativo, sempre alinhado aos valores da organização e da postura ética e íntegra que se espera de um negócio no século XXI. Uma recomendação para conduzir estas críticas de forma efetiva e sem comprometer o espírito de equipe, é a utilização do método socrático, no qual são feitas sucessivas perguntas aos executivos, que orientam a conversa e apontam a partir delas e das respostas obtidas, uma possível direção a ser seguida.

Finalmente, destaco a necessidade de um conselho diverso, que represente os múltiplos perfis dos acionistas, sejam eles de referência ou minoritários e que tenham notória competência em distintas áreas funcionais (finanças, marketing, vendas, operações, por exemplo) para enriquecer a reunião e assegurar que o CA passa por tudo o que é efetivamente necessário para o desempenho de sua função. Cada um deve buscar, com todo o embasamento necessário, propor as melhores alternativas de acordo com sua competência e devem também olhar o todo e saber ceder, quando for necessário para a organização. Sem dúvida, o CA deve ser composto por membros de uma senioridade muito elevada, tanto quanto aos seus hard skills, quanto, principalmente, aos seus soft skills, porque o sucesso dele, e por consequência da empresa, acontecerá através da efetividade do trabalho da equipe que o compõe.

Rodrigo Guimarães Motta
Conselheiro de Administração
Doutor em Administração

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