Como o Conselho de Administração pode aumentar a transparência das empresas

Este artigo visa reforçar o papel do Conselho de Administração (CA) para assegurar a transparência das empresas. Em um momento presente no qual tantas ocorrências infelizes e imprevistas têm acontecido com negócios aparentemente bem-sucedidos, como as Lojas Americanas, A Tok Stok, a Marisa e a Light, o CA não apenas não deve, como não pode se omitir. Deve ser protagonista na promoção da transparência das empresas.

Existe uma dimensão que é a formal. Nesta, o CA não pode descuidar. Auditorias, análises, prestações de contas, relatórios, o conselheiro deve estar a par de tudo que a legislação exige das empresas para que seus negócios sejam transparentes, assim como os compromissos adicionais (se houver) que devem ser prestados para os stakeholders do negócio. Isso deve ser executado de forma impecável.

Isso é o mínimo que a sociedade demanda da empresa, e definitivamente, não basta. É necessário que cada conselheiro tenha uma postura crítica, para promover as perguntas necessárias para que os números e as estratégias aplicadas para atingi-los estejam claras e alinhadas entre todos. E o CA, com a confiança e o entendimento do negócio, pode aplicar isso para alinhar toda a empresa. Para isso, deve-se acrescentar um foco na comunicação eficiente.

Quando fui conselheiro do Vita Ortopedia e Fisioterapia, uma prática muito interessante era, além das aprovações necessárias dos orçamentos e planos, a realização, liderada por um dos fundadores e integrante do CA (até sua venda para o Fleury), doutor Wagner Castropil, de encontros de alinhamento com acionistas e com o time da empresa, além de relatórios trimestrais e anuais compartilhados com os interessados. A transparência oriunda dessa postura e desses encontros, permitiu que o Vita prosperasse continuamente no período em que estive no conselho, superando uma Pandemia (que afetou demais os serviços médicos em geral) e sendo finalmente adquirido pelo Fleury, na maior transação no mercado de ortopedia no Brasil até a data. E isso sem nenhuma divergência ou desalinhamento entre os acionistas. Um processo bem estruturado que entregou os resultados esperados com excelência e disciplina.

Recomendo, portanto, para todos os conselheiros e para todas as empresas que tenham ou estejam estruturando seus CAs que levem em consideração a dimensão formal da transparência, como também a postura crítica para qualificá-la cada vez mais, assim como ter uma excelente comunicação com os níveis adequados de camaradas (de dentro ou de fora do negócio). Gostaria de receber o feedback de vocês sobre o artigo e conhecer a sua visão sobre o tema. Vamos com garra absurda!

Rodrigo Guimarães Motta

Diretor Instituto J&F (Germinare)

Doutor em Administração

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