Conselho de Administração: como formar um time de conselheiros de alto desempenho

Com a ampliação de empresas que possuem um Conselho de Administração, pode-se observar uma atenção cada vez maior por parte dos acionistas e executivos com a constituição de conselhos realmente efetivos. O objetivo deste artigo não é explorar as necessidades legais para a formação de um conselho (que existem e devem ser respeitadas) e sim como as empresas podem formar conselhos extraordinários, que não se restrinjam a uma atuação burocrática, mas que realmente façam a diferença no seu desempenho. Para isso, alguns pontos para mim são fundamentais. O primeiro é um reconhecimento, sincero e intenso, de que os conselhos fazem a diferença. Quando em especial o acionista tiver essa visão, ele vai querer ter os melhores conselheiros, com experiência de alto impacto para o negócio. 

O recrutamento deve então, buscar o profissional extraordinário, mas um extraordinário muito específico. Aquele conselheiro que tem afinidade com a cultura da empresa, com o perfil dela (exemplo: se é uma empresa com metas de crescimento agressivas, um conselheiro com esse perfil vai contribuir muito mais) e com experiência nos segmentos em que atua. Além disso, há uma diversidade no perfil dos conselheiros que vão enriquecer o time: além da formação acadêmica específica (o IBGC e a FDC – a qual cursei, são ótimos cursos), experiência prática consolidada não apenas no segmento em que a empresa atua, mas também em diferentes áreas funcionais. Ter um conselheiro com experiência em finanças, um com experiência em operações e assim por diante, torna o time mais diverso e mais forte.

Não se pode esquecer da importância de ter um conselheiro independente para fechar o time. É bem interessante considerar a hipótese de ser alguém que venha de outro ramo, para assegurar sempre um olhar desafiador para o negócio. Uma vez fechado o quadro de conselheiros, pode ser muito interessante realizar uma ou algumas dinâmicas, para que todos se conheçam melhor, estabeleçam relações de confiança e criem laços fortes que permitam que eles efetivamente passem a trabalhar como uma equipe.

Finalmente, um ponto que não pode ser esquecido, principalmente em vista dos últimos acontecimentos, como as dificuldades enfrentadas pela Americanas e pela Tok Stok, entre outras, é que o Conselho de Administração deve ser suportado por comitês e relatórios que forneçam a melhor visão possível da situação real do negócio da empresa. Caso isso não ocorra, o conselho está ameaçado de não conseguir desempenhar da melhor maneira a sua função, ou o que é ainda pior, não atuar de forma incisiva quando a situação demandar.

Espero que estes pensamentos e recomendações, embasados na minha experiência como conselheiro de administração, ainda que não esgotem a questão, sejam úteis para a formação de conselhos de alto desempenho. Se tiver interesse em explorar algum dos temas, estou à disposição. 

Vamos com garra absurda!

Rodrigo Guimarães Motta | Diretor Instituto J&F (Germinare) | Doutor em Administração

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