O alinhamento de propósitos e valores do Conselho de Administração: Imprescindível!

No tempo presente, mais do que nunca, em virtude da retomada econômica que dá sinais de estar se iniciando, as empresas investem seu tempo e recursos para contratar e capacitar seus colaboradores em relação às habilidades técnicas necessárias para o desempenho das suas funções. Ainda que isso seja indiscutível, outras formações são necessárias para um time capaz de enfrentar os desafios atuais. O entendimento e o alinhamento com os propósitos e com os valores são necessários, para que cada um possa entregar no limite de sua capacidade e habilidade, de forma também a que se sinta bem e motivado no ambiente de trabalho (o que naturalmente aumenta ainda mais a entrega, formando-se assim um ciclo virtuoso).

O objetivo deste artigo não é explorar no limite essa questão, que envolve diferentes grupos de stakeholders da organização, todos os quais prestam relevante contribuição. Vamos focar então na necessidade dos integrantes do Conselho de Administração, não apenas serem tecnicamente capacitados, como também alinhados com os propósitos e valores. Quanto a parte técnica, é um entendimento consolidado que alguém para ocupar esta posição, deve ter uma extensa história de relevantes contribuições como executivo, empresário e mesmo conselheiro, além de sólida formação acadêmica.

Cabe então aos acionistas ou ao conselho atual, antes de convidar alguém para atuar nesta posição, que é protagonista de decisões críticas de estratégia e investimentos, entre outras, que dedique tempo e energia para se assegurar que o novo conselheiro não apenas entenda, como também veja valor no propósito da organização, e que compartilhe dos valores que pautam o cerne dela. Mesmo aqueles que já estão atuando no conselho, podem e merecem receber informações e treinamentos para conquistar esse alinhamento, sempre que o presidente do conselho julgar oportuno. 

Essa forma de conduzir o trabalho formará um time potencialmente mais coeso e com maior empatia com a organização, o que será revertido em um conselho motivado e comprometido com a elaboração e acompanhamento das melhores estratégias e alocações de recursos necessários para fomentar o crescimento sustentável. Muita atenção às pequenas e médias empresas, para não confundir esse alinhamento com amizade. É necessário um processo de seleção sereno e pautado na busca do conselheiro que reúna (pelo menos potencialmente) essas características. Quanto as empresas de grande porte, a mesma atenção é necessária, há uma armadilha em potencial que é contratar excelentes conselheiros, com track record impressionante, mas que não compartilhem valores e propósitos com a empresa. Seria como aquele time de futebol, que na comemoração do seu centenário montou um elenco com os melhores jogadores disponíveis, porém não conquistou sequer o campeonato estadual!

Espero que essa reflexão seja útil para conselhos comprometidos com a atuação de excelência no momento presente. Caso queira explorar alguns desses pontos, estou à disposição. E vamos com garra absurda!

Rodrigo Guimarães Motta
Conselheiro de Administração
Doutor em Administração

O alinhamento de propósitos e valores do Conselho de Administração: Imprescindível!