A importância da diversidade no Conselho de Administração

Hoje existe um esforço muito grande para ampliar a diversidade nas organizações. Inúmeros estudos acadêmicos e vivências práticas apresentam os benefícios de uma organização mais diversa, que agregue diferentes abordagens e perspectivas para o dia a dia das empresas. De certa forma, em toda a minha experiência em Conselhos de Administração (CAs) representei algum tipo de diversidade. Em 1989, era o representante discente no CA da FGV EAESP, a única voz que representava os anseios e as aspirações dos estudantes. Posteriormente, a partir de 2018, fui conselheiro independente do Vita Ortopedia e Fisioterapia, o único integrante que não era médico de formação. Mais recentemente, no conselho consultivo da Instituto Vita e da Editora Labrador, também participo sem experiência pregressa no negócio.

A partir dessas vivências, posso afirmar que a diversidade pode agregar inúmeros benefícios para o sucesso do negócio. Em primeiro, destaco a perspectiva desafiadora. Com uma experiência diferente dos demais integrantes do conselho, aquele que possui um olhar diverso está preparado para questionar e desafiar algumas premissas e padrões de atuação que os demais integrantes do CA podem considerar como sendo as únicas possíveis. Na FGV EAESP eu investi meu tempo e energia para a construção de um parque poliesportivo em um terreno distante do centro de São Paulo, que a escola possuía. Ainda que não tenha sido bem-sucedido, gosto de pensar que todas as reuniões realizadas sensibilizaram os seus líderes, que promoveram uma melhoria significativa na quadra disponível (ainda há muito a melhorar, verdade seja dita).

Além disto, a diversidade no CA pode agregar o pensamento crítico, no qual novos parâmetros para mensurar os resultados do negócio, novas formas de superar as expectativas de clientes e consumidores podem ser debatidas, o que poderia não ocorrer com um conselho uniforme, que que não promovesse esse olhar de perspectivas diversas. No Vita, por exemplo, tendo vindo da indústria de bens de consumo não-duráveis, me preparei muito e agreguei parâmetros de outros segmentos econômicos nos quais tinha experiência, para questionar os resultados de crescimento, endividamento e rentabilidade, assim como o encantamento obtido com a jornada do paciente.

Finalmente, na medida em que o CA agrega diversidade aos seus quadros, passa uma mensagem poderosa para o restante da empresa sobre a importância de que façam o mesmo em todas as áreas. Isso é liderar pelo exemplo. Além de demandar, por ser interessante para o sucesso do negócio e também por receber (necessárias) pressões sociais que acontecerão com cada vez mais frequência, o CA demonstra que não apenas acredita na diversidade, como também a executa no time de conselheiros. O primeiro e importante passo para ter uma organização diversa começa pela composição do CA.

Espero ter contribuído com essa reflexão para o desenvolvimento de CAs mais diversos, fortes e úteis. Ter uma perspectiva desafiadora, exercer o pensamento crítico e liderar pelo exemplo são as palavras-chave que deixo para vocês. Gostaria de receber o feedback de vocês sobre o artigo e conhecer a sua visão sobre o tema. Vamos com garra absurda!

Rodrigo Guimarães Motta

Diretor Instituto J&F (Germinare)

Doutor em Administração

A importância da diversidade no Conselho de Administração