Este artigo explora como o Conselho de Administração (CA) pode contribuir para a superação das metas estabelecidas pela empresa através de uma adequada avaliação dos executivos, assim como do desenvolvimento e implementação de programas de remuneração associados ao desempenho.
Como todos que estão à frente de um negócio sabem, é imprescindível que as metas estabelecidas estejam alinhadas com as de cada um dos executivos, para que todos as persigam de forma estruturada e coordenada. Recomendo que existam aquelas de curto prazo (exemplo: anual), assim como as de médio e longo prazo (a partir de três anos), para evitar que a empresa fique por demais focada no ano corrente e corra o risco de não avaliar oportunidades que vão acontecer nos anos subsequentes.
Além disso, é necessário definir com precisão metas financeiras, que sejam EMAC (específicas, mensuráveis, alcançáveis e compatíveis). Pela minha experiência, receita, rentabilidade e fluxo de caixa devem fazer parte de forma mandatória. Porém existem outras metas que devem ser agregadas, como por exemplo o NPS (no caso de uma empresa de serviços, por exemplo) ou o número de inovações lançadas (se for uma empresa de bens de consumo não-duráveis, por exemplo).
Definidas as metas, é fundamental estabelecer a remuneração dos executivos, que reconheça o seu atingimento. Novamente, é importante assegurar que esta esteja associada não apenas ao curto, mas também ao médio e até mesmo o longo prazo, para evitar distorções de executivos que sacrificam o futuro da empresa para receber uma remuneração extraordinária pelo atingimento das metas anuais. Infelizmente existem diversos casos em que isso aconteceu, basta lembrar a lamentável derrocada da Enron, nos Estados Unidos. Pessoalmente, acredito que remunerações agressivas são interessantes para reconhecer os desempenhos superlativos. Nesse nível, a meritocracia é fundamental. Importante destacar que a apuração dos resultados deve ser suportada por auditorias fiscais, contábeis e tributárias, para evitar distorções como as mencionadas anteriormente. Quando fui conselheiro de administração no Vita Ortopedia e Fisioterapia, uma das principais vitórias conquistadas foi o reconhecimento dos resultados obtidos através de um programa estruturado de participação nos resultados para os líderes da organização, após anos sem isso acontecer. E o melhor, isso foi feito sem comprometer o resultado, que seguiu crescendo a ponto de a empresa terminar por ser vendida para o Fleury na maior transação do mercado de ortopedia do Brasil, em 2021!
Espero ter contribuído com essa reflexão para o desenvolvimento de CAs que assegurem justas avaliações e remunerações dos executivos da empresa. Estabelecer metas (financeiras e ad hoc de acordo com o negócio) de curto, médio e longo prazo, que sejam EMAC (específicas, mensuráveis, alcançáveis e compatíveis) para cada um dos executivos participantes e associar as mesmas a remuneração desses executivos (também de curto, médio e longo prazo), são os pensamentos-chave que deixo para os leitores. Gostaria de receber o feedback de vocês sobre o artigo e conhecer as suas visões sobre o tema. Vamos com garra absurda!
Rodrigo Guimarães Motta
Diretor Instituto J&F (Germinare)
Doutor em Administração