Com o protagonismo cada vez mais destacado que os Conselhos de Administração (CAs) estão tendo para uma gestão mais efetiva das empresas, uma pauta que não pode estar ausente de suas agendas é a gestão dos recursos humanos (RH). Historicamente, a maior parte do tempo do CA é dedicado a analisar os números (orçamentos, resultados) e as estratégias da empresa junto com os seus principais executivos. Essa pauta deve permanecer e ser fortalecida cada vez mais, porém o reconhecimento, nos últimos anos, da necessidade de se ter gente altamente qualificada e motivada para elaborar e executar os planos, demanda que a agenda de RH esteja inserida e seja tratada junto com os demais temas pelo CA.
Para isso, minha primeira recomendação é a identificação e o monitoramento de KPIs (indicadores de performance) chave de RH, que devem ser apresentados e analisados em todas as reuniões do conselho. Quais são esses indicadores? Isso vai depender das características e das necessidades do negócio. Quando fui conselheiro de administração do Vita Ortopedia e Fisioterapia, que oferece um serviço premium em sua área de especialidade, a remuneração dos médicos e fisioterapeutas era fundamental. A empresa precisava ter os melhores profissionais do mercado, ao mesmo tempo que os remunerava de forma que a empresa crescesse a receita de forma rentável. A partir do reconhecimento desta oportunidade, identificada através da evolução dos KPIs estabelecidos, foi elaborado um plano de remuneração, com a apoio da Integration, o qual contribuiu para o sucesso da empresa, até que, junto com a realização de outras iniciativas, ela se transformasse num ativo tão valioso que terminou por ser adquirida pelo Fleury.
Uma vez estabelecidos e acompanhados os indicadores, é importante que o CA demande da liderança da empresa para que sejam estabelecidos programas de desenvolvimento organizacional para que o time esteja cada vez mais preparado para superar os desafios. Esses programas envolvem, mas não se resumem, a iniciativas de avaliação, recrutamento, remuneração (como o exemplo do Vita anteriormente mencionado) e treinamento. Finalmente, para os cargos mais altos, como presidentes e vice-presidentes, a recomendação é que o CA esteja ativamente envolvido no recrutamento, para aumentar a probabilidade deles serem aderentes aos valores e com as competências, habilidades e atitudes necessárias a empresa no momento.
Espero ter contribuído com essa reflexão para o desenvolvimento de CAs que contribuam para o fortalecimento de um RH vigoroso e de resultados superlativos. Identificar e monitorar os KPIs de RH nas reuniões, demandar a elaboração de programas de desenvolvimento organizacional e participar do recrutamento de presidentes e altos executivos, são as palavras-chave que deixo. Gostaria de receber o feedback de vocês sobre o artigo e conhecer a sua visão sobre o tema. Vamos com garra absurda!
Rodrigo Guimarães Motta
Diretor Instituto J&F (Germinare)
Doutor em Administração