Precisamos dizer não a teorias dissociadas da prática!

Com o crescimento de governos e empresas no século XX, uma nova ciência social aplicada surgiu para dar conta da gestão desses empreendimentos cada vez mais complexos: a Administração.  

De uma forma simplificada, é possível afirmar que, enquanto na primeira metade do século passado houve um esforço para elaborar e implementar a Administração Científica (a busca dos melhores processos de produção, cujo autor mais icônico é o americano Taylor), o período seguinte deu visibilidade a outros autores, que buscaram potencializar, atualizar e criticar o modelo, de forma a tornar essa ciência mais relevante para as organizações.  

Esse desenvolvimento foi acompanhado por uma expansão dos cursos de Administração, que buscaram capacitar profissionais para desempenhar essas atividades emergentes nas empresas.   

Entre tantos autores que participaram desse processo, destaco um que é provavelmente o meu favorito: o britânico Charles Handy. E, como é impossível contar toda a sua história em um artigo curto como este, destaco dele alguns pontos que me parecem os mais importantes para a tratativa do tema.   

Tendo recebido uma formação clássica nas principais escolas do seu país, seu primeiro trabalho foi como executivo (de vendas) da Schell na Ásia. Após seu retorno, ele foi convidado a participar da implementação das primeiras escolas de Administração da Inglaterra, e para isso fez um curso de um ano nos Estados Unidos – país que pode ser considerado, como foi escrito acima, o berço dessa ciência.   

Com essa formação teórica combinada com a sua experiência prática, quando retornou, foi um dos implementadores do curso no seu país natal. E, neste trecho, acrescento uma curiosidade: pelo histórico e pela tradição britânica, até esse momento do seu retorno, os quadros administrativos ingleses eram formados principalmente pelo exército ou pelos cursos de Contabilidade. Então, se hoje a Inglaterra tem inúmeras escolas de excelência em Administração e empresas de classe mundial, lideradas por administradores competentes, boa parte disso se deve ao trabalho de Handy.  

Qual o ponto que me interessa aqui?   

A necessidade de aliar a teoria à prática. E o fato de que, no Brasil, infelizmente, ainda há um longo caminho para concretizarmos essa aliança.   

Como graduado, mestre e doutor em Administração, afirmo que muitas teorias ensinadas em sala de aula são irrelevantes para o momento profissional do estudante que aspira por uma carreira na área da Administração. E, sem teorias vencedoras, a prática pode se tornar muitas vezes ineficiente e defasada em relação às necessidades das empresas.   

Tendo esse cenário em perspectiva, o Instituto J&F surgiu há alguns anos para mudar essa história, a começar pela sua primeira escola de Educação Básica e Profissional, a Germinare BUSINESS, que forma jovens líderes gestores aptos a gerenciar negócios de faturamento expressivo.  

No que se refere à teoria de base, os alunos dessa escola, que cursam o ensino fundamental II e o médio, têm matérias aplicadas da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), ou seja, matérias cujos conteúdos são contextualizados para as necessidades desses futuros administradores. No caso, os futuros “Tocadores de Negócios”, tal como os chamamos internamente.   

Por exemplo, em Geografia, além da formação de base, o aluno também estuda go to market, logística e trade marketing. E como, além do certificado de ensino fundamental e médio, esse aluno recebe ainda o de técnico em Administração, ele também tem, na teoria da Administração, aulas dedicadas.   

Para tornar o aprendizado nessas disciplinas mais significativo, a metodologia utilizada pela Academia de Marcas (uma das quatro Academias de Ensino da Germinare Business) é o caso de ensino, no qual os alunos recebem uma marca (de uma empresa do grupo) e um desafio, de acordo com a sua capacidade cognitiva. A partir daí, eles estudam as teorias necessárias para elaborar um diagnóstico, uma estratégia e um plano de ação (com DRE) para responder ao desafio apresentado. Desta forma, todo o aprendizado da BNCC e da Administração se torna relevante e situado.  

Entretanto, a Germinare BUSINESS não para por aqui.   

No ensino médio, os alunos dão início a um estágio remunerado, que começa no departamento de vendas em uma das empresas do Grupo (Friboi, Seara, Flora, entre outras). Na sequência, eles são efetivados como gerentes de uma das lojas da Swift, tendo, então, a oportunidade de aplicar tudo o que foi aprendido em uma situação real de liderança de negócio.   

Assim, uma premissa implícita aqui é a de que, com o aprendizado adequado, é possível para alguém muito jovem assumir responsabilidades desafiadoras e complexas. E isso tem se demonstrado verdadeiro! É a prática, que, segundo o próprio exemplo de Handy (tanto em razão do que ele viveu como executivo quanto com base no que buscou e ainda busca implementar na Inglaterra), faz toda a diferença para a formação do administrador.  

Nos próximos artigos de minha autoria, vou explorar melhor essa jornada, as teorias e práticas que nós utilizamos para a formação dos nossos alunos. Afinal, em um país com as complexidades e demandas do Brasil, é imprescindível realizar os melhores esforços para a educação – e, no nosso caso, uma educação para os negócios. 

Uma educação viabilizada por empresas educadoras, que têm o Instituto J&F como organização que apoia esses projetos socioeducacionais que apresentam conexão direta com a estratégia de negócio. O que, na prática, consiste em focar no crescimento e no progresso desses alunos que, dotados de uma garra absurda, podem um dia se tornar grandes líderes, grandes presidentes e grandes Tocadores de Negócios.  

Então, vamos com garra absurda! 

Fonte: Instituto J&F

Rodrigo Guimarães Motta 

Doutor em Administração 

Diretor da Academia de Marcas da Germinare Business/Instituto J&F 

Precisamos dizer não a teorias dissociadas da prática!