Este artigo explora a relação entre o Conselho de Administração (CA) e a gestão financeira das empresas. É certo que a responsabilidade pelo dia a dia das finanças é do diretor financeiro e do seu time. Todavia, cabe aos conselheiros acompanharem o andamento das iniciativas e dos seus resultados e propor melhorias sempre que necessário. Esta é não apenas uma demanda legal, como também algo que o CA pode contribuir com imenso valor, cada um aplicando sua experiência e conhecimento para fortalecer a empresa.
Quando assumi uma posição como conselheiro independente no Vita Ortopedia e Fisioterapia, pude observar que a apresentação era feita pelo então diretor financeiro, que dedicava boa parte da agenda a temas financeiros, que podiam variar de acordo com a demanda da empresa: enquanto em uma reunião podíamos falar sobre o investimento necessário para a abertura de uma nova unidade, em outra analisaríamos os custos dos serviços prestados e assim por diante. Mesmo reconhecendo a necessidade de tratar de temas táticos, uma boa iniciativa foi concordarmos com um modelo de apresentação, no qual em todas as reuniões iríamos olhar para determinados indicadores-chave para a empresa (e depois trataríamos dos demais temas). Uma atenção relevante foi empregada, dado as características do negócio, ao DRE e ao fluxo de caixa. Os resultados foram impressionantes! Ao longo dos anos (e até a venda para o Fleury) os indicadores se multiplicaram a partir do acompanhamento metódico e disciplinado.
Além dos indicadores-chave já mencionados, os temas táticos ou urgentes também devem ser tratados. E para que isso seja feito, é necessário que o CA possua uma secretaria bem-organizada e eficiente, que apresente uma pauta bem estruturada de cada reunião, e envie com antecedência as informações necessárias para que os conselheiros possam se preparar previamente. Além destes pontos, na reunião devem ser apresentados de forma executiva, os planos de ação em curso para a entrega dos objetivos financeiros (e outros, quando necessário) para que os mesmos sejam analisados e criticados pelo CA, de forma a qualificar o trabalho desenvolvido pela empresa através da experiência pregressa e conhecimento dos seus integrantes.
Espero ter contribuído com essa reflexão para o desenvolvimento de CAs que tenham como fortaleza uma relação positiva entre eles e a gerência financeira. Concordar com os indicadores essenciais para o desenvolvimento do negócio, elaborar uma pauta estruturada para analisar o progresso e conhecer, analisar e criticar os planos de ação que tenham alto impacto nos mesmos são as frentes que destaco para os leitores como necessárias para o sucesso dos conselhos na gestão financeira e são as palavras-chave que deixo. Gostaria de receber o feedback de vocês sobre o artigo e conhecer a sua visão sobre o tema. Vamos com garra absurda!
Rodrigo Guimarães Motta
Diretor Instituto J&F (Germinare)
Doutor em Administração
