Os desafios de ser membro do Conselho de Administração

Este artigo explora quais os desafios que alguém vai enfrentar ao aceitar participar de um Conselho de Administração (CA). Com o crescimento da economia do Brasil, cada vez mais as empresas buscam se estruturar para atender a esse novo cenário. Parte deste movimento contempla a constituição e implementação de Conselhos de Administração, capazes de ajudar as empresas a realizarem o seu potencial.

O primeiro passo é que as pessoas conheçam esta oportunidade que a atuação em conselhos oferece e se preparem para participar deles. Executivos experientes podem entender que atuar em conselhos faz sentido para a sua trajetória, visto toda o conhecimento prático adquirido ao longo dos anos. Recomendo que, para aqueles para quem essa oportunidade fizer sentido, que realizem um curso formativo para consolidar seu conhecimento e saber como aplicá-lo no CA. Posso falar por experiência própria. Após atuar como conselheiro da FGV EAESP e do Vita Ortopedia e Fisioterapia, realizei o curso de formação de conselheiros da FDC (o PDC) e com este arcabouço teórico (e prático), hoje atuo nos conselhos consultivos do Instituto Vita e da Editora Labrador.

Outro ponto imprescindível é que os conselheiros tenham propriedade, confiança e autonomia para ter coragem para expressar seus pontos de vista e liderar uma agenda que melhore a receita e a rentabilidade das empresas. Pode acontecer que o conselheiro se sinta inibido ou constrangido de exercer o seu papel, pois foi contratado pelo acionista (que pode também fazer parte do conselho ou ter um representante lá). Se isso acontecer, a contribuição do CA tende a ser enfraquecida e não atingir seu máximo potencial (no limite isso pode acarretar graves prejuízos a governança e a gestão, lembrem do caso das Lojas Americanas). No próprio Vita, apesar da minha amizade pessoal com todos os integrantes do CA, em especial o doutor Wagner Castropil (fundador e principal acionista), sempre tive espaço e busquei colocar meu ponto de vista, focado no sucesso do negócio. Isso ajudou a conquistar resultados expressivos que culminaram com a venda para o Fleury em 2021. E este exemplo serve também para reforçar a importância do estabelecimento de relacionamentos sólidos pelos conselheiros com os acionistas e com os executivos. Participar do CA implica almoços, conversas e reuniões intensas entre as partes, para que todos se entrosem e sejam capazes de atuar como uma equipe esportiva ou uma orquestra de alto rendimento!

Espero ter contribuído com essa reflexão para o desenvolvimento de CAs como patrocinadores da inovação nas empresas. Assegurar que o CA tenha a competência necessária para liderar e aconselhar os executivos, coragem para defender seu ponto de vista mesmo quando sob forte oposição e para isso, ter a capacidade de construir sólidos e produtivos relacionamentos com acionistas e diretores da empresa são os pensamentos-chave que deixo para os leitores. Gostaria de receber o feedback de vocês sobre o artigo e conhecer a sua visão sobre o tema. Vamos com garra absurda!

Rodrigo Guimarães Motta

Diretor Instituto J&F (Germinare)

Doutor em Administração

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